sábado, 25 de abril de 2009

Quase...

Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de  um quase!  É o quase que incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que  poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou  ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que  escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que  nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.  Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.  A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos  sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “bom dia “, quase que  sussurrados. Sobre covardia e falta de coragem até para ser feliz.  A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons  motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são. Se a virtude  estivesse no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o  arco-íris em tons de cinza.  O nada não ilumina, não inspira, não aflinge nem acalma, apenas amplia o  vazio que cada um traz dentro de si.  Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.  Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo.  De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.  Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.  Não deixe que a saudade o sufoque, que a rotina o acomode, que o medo o impeça de tentar.  Desconfie do destino e acredite em você.  Gaste mais horas realizando que sonhando...  Fazendo que planejando...  Vivendo que esperando...  Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já  morreu.

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